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Em posto com sete frentistas mulheres, desafio do preconceito é diário, mas trabalho é igual

Atualizado: 12 de jul. de 2019

No meio da correria para abastecer os veículos, elas se esquivam das cantadas e comentários desagradáveis




O calor que se aproxima aos 40ºC no ambiente e o constante movimento de pessoas e veículos fazem parte da lida de funcionários de postos de combustíveis. Contudo, em um ambiente tradicionalmente masculino, as sete frentistas de um estabelecimento do tipo em Campo Grande, ainda há outras pequenas adversidades nessa rotina.

Entre algumas dessas, a concepção de muitos clientes de que mulheres não entendem de problemas automotivos e que ‘tudo bem’ soltar xavecos – por vezes, ofensivos – a elas, sem qualquer constrangimento em fazê-los em um ambiente de trabalho. Há um ano e meio, são diversas as situações além do assédio que as funcionárias já passaram no Posto Quaresma, que fica na Avenida Calógeras, Vila Glória.

“Ontem mesmo, um senhor, com a idade do meu avô, falou a senha do cartão e disse que podia ficar pra mim, que era um ‘presente’. Cantadas e coisas assim são todos os dias, tem que ser profissional e ignorar, mas gostaria que tivesse mais respeito”, conta Fernanda Gabriely Santos, 19 anos, que está em seu primeiro emprego.

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Trabalhando ali desde a inauguração, Cássia Mariana Peralta, 33 anos, diz que o discurso de que as mulheres são o sexo frágil é antigo e cansativo, mas não dá pra ignorar algumas diferenças no tratamento que recebem. “É muito machismo que a gente tem que lidar, ouve comentários de todo tipo. Tem homem que não quer ser atendido por nós, que desconfia quando a gente encontra algo errado no carro”, lamenta.

Ela lembra que o pai não queria que ela aceitasse o emprego, pois achava perigoso e que a filha sofreria na rotina. Hoje essa ideia já ficou pra trás, e ela desempenha com orgulho e habilidade as tarefas exigidas.

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Gerente do posto, Fabiana Aquino Ferreira, 34 anos, comenta sobre esse lado positivo, especialmente em relação à harmonia e organização das funções de cada uma. “Geralmente, as meninas são mais prestativas que o homem, mas sei que elas sofrem discriminação. São menosprezadas por muitos clientes, além de levar as investidas de alguns deles. Mas devem ser tratadas com profissionalismo e gentileza”, diz.

A frentista Cássia completa contando que já trabalhou em uma empresa de segurança, sendo a única mulher entre os funcionários, e que a exigência sempre foi a mesma para todos, mas que há mais compreensão em um ambiente majoritariamente formado por elas, havendo apenas três homens trabalhando no local.  

“Aqui a gente sempre está de bem uma com a outra, apesar dessas pequenas coisas, o trabalho é leve e aprendemos todos os dias, como qualquer um”, finaliza.


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